Tava pensando: a verdade é igual um soco que deixa logo sua marca de dor, já a mentira é um paliativo que só retarda e aumenta a dor. Certo? É claro que falo de mentiras “remediativas” para dores graves e mortais e não meramente banais. Quanto as banais, essas são meras diversões e ironias do destino para todo bom sincero, não?? E eu não acredito na sinceridade absoluta, não acredito mesmo.. acredito que já mentiram pra mim sobre coisas cruéis e verdades absolutas, entretanto convivi com a desconfiança do que seria verdade ou mentira e adimito que às vezes preferi adotar a mentira como verdade, seja para satisfazer a curiosidade que habita meu corpo, seja por acreditar que a verdade realmente iria doer muito mais, afinal existem situações e situações, verdades e verdades, sendo reconfortante ser um “burro feliz” a um “esperto sofredor”.
O que vale mais: uma verdade ou uma pessoa? O que dói mais: uma mentira ou um rancor? O que te deixa feliz ou triste? O que te condena ou te enaltece? Já atiraste alguma pedra em alguém ou a guardaste no teu bolso por acreditar que ninguém é digno de julgar ninguém? Ah, por favor seja sincero ao responder essas perguntas, afinal as respostas estão na sua própria mente e ninguém irá ouvir seus pecados, poupe-se de sua “auto-hipocrisia”.
Falando em hipocrisia, nada me provoca maior constrangimento alheio do que a hipocrisia religiosa. Eu prefiro admitir que não vou a missa semanalmente e (normalmente) só vou por mero capricho alheio, que acho o sermão uma pregação contraditória e superficial e, ainda, que sou muito mais sincera quando rezo um humilde Pai Nosso antes de dormir (sim, ainda mantenho esse costume desde criança) do que quando “acompanho” uma missa inteira pensando no quando eu queria estar em outro lugar do que ser uma falsa religiosa. Prefiro pessoas boas a pessoas religiosas. Não to falando mal de quem é religioso, mas se és religioso praticante assíduo e se vangloria por isso, por favor, aja de acordo com aquilo que qualquer religião prega: coisas boas, sentimentos e atitudes boas.
Outro dia havia uma menina estendida no chão do estacionamento de um determinado supermercado desta cidade com a cabeça ferida e sangrando muito. A menina aparentava ter no máximo 15 anos e estava morrendo, sim, morrendo e adivinha?? Não havia ninguém disposto a ajudá-la, todos olhavam aquela pessoa jogada no chão, cheia de hematomas e sangue por todos os lados e apenas seguiam com suas vidas como se ali não houvesse uma pessoa, mas apenas uma “coisa”. Somente uma pessoa parou e se chocou com tal situação e ligou para a emergência pedindo ajuda. Essa pessoa não se importava se a menina era uma drogada, uma ladra ou se daqui há uns dias, quando estiver melhor viesse a assaltar e se drogar novamente. Tal pessoa apenas sentiu uma aflição absurda por ver aquela jovem tão jovem em um cenário tão triste e quis ajudar, se essa pessoa era religiosa ou não isso não importa. Nessa situação o que valeu foi a boa vontade e a preocupação existente entre desconhecidos e é nisso que consiste a crença em algo superior ao existente fisicamente, a boa vontade de olhar gratuitamente por quem talvez nem se lembre de ti no dia seguinte e/ou que venha, inclusive, a lhe fazer algum mal. Aí está a mágica do livre arbítrio e a mágica de poder decidir seus atos, sejam bons ou ruins. Às vezes prefiro o meu “não-praticantismo” religioso com um certo ar de preocupação e bondade humana do que ser uma “beata” hipócrita.
Quando me relataram o caso da menina do estacionamento fiquei realmente abalada com a grande mentira social dos que usam o nome de Deus pra tudo e nunca usam o que Ele ensina pra nada. Não sou perfeita, estou longe de ser e mais uma vez reafirmo que não condeno religiosos praticantes, ou melhor, não condeno ninguém (ou pelo menos não deveria), afinal quem sou eu pra julgar qualquer pessoa. Só espero, sinceramente espero que pares e penses: Qual a maior mentira na tua vida e por quê ela ainda permanece uma mentira? Se a resposta for satisfatória e sincera (afinal não precisas mentir para ti mesmo) então chegaste ao lado do jardim coberto de violetas para escolher a que simbolizará melhor o que estás sentindo/pensando, sejam as humildes amarelas, as modestas brancas ou as realistas azuis.
Assinei embaixo! Nossa, escreves muito bem e tens ideias parecidas com as minhas também ODEIO hipocrisia.